17.5.06

Muito a declarar


1- Segundo esta notícia,

os imóveis arrendados que sejam classificados como estando em mau ou péssimo estado de conservação poderão vir a ser adquiridos pelos seus inquilinos independentemente da vontade do proprietário.

Isto, claro, caso o proprietário se recuse a recuperar o imóvel em causa. Para além disso,

o montante pelo qual vai adquirir o imóvel [...] resulta da avaliação feita pelo fisco com base nos critérios do Imposto Municipal sobre Imóveis. Aqui, o inquilino tem um prémio na medida em que, na prática, desta avaliação resulta um valor que é sempre inferior ao valor de mercado do imóvel.

Numa palavra: obsceno. Talvez seja a lei possível, mas moralmente o Estado tem uma responsabilidade enorme numa grande percentagem de casas que se encontram agora arrendadas a preços irrisórios. Forçou os proprietários a fazer caridade (mesmo a quem não precisa... a sede do PSD não está também alugada por meia dúzia de tostões?) e atou-lhes as mãos. Claro que cada caso é um caso, mas sei de muitos que são de bradar aos céus. Não é possível fazer obras nos casos em que se têm de realojar inquilinos - por vezes casas comerciais - e pagar-lhes as respectivas rendas, de valores muito superiores aos que se recebem. Esta lei é sádica, cínica e mais umas quantas palavras que me coibirei de proferir. Tira-me do sério.

2- A Sabine desafiou-me a destacar uma instituição de solidariedade social. A "minha" é a Novib, que tem como lema não dar o peixe, mas ensinar a pescar (na medida do possível).
Tratando-se de mais uma corrente, cabe-me a mim convidar 3 pessoas para divulgarem outras instituições: o dcg, o aequillibrium, a L e o ZR (às vezes perco-me a contar). Os outros - donos de blogs e/ou comentadores -, por esta, safam-se.

3- Desde que uma rapariga se juntou ao grupo com que vou almoçar diariamente, nunca mais tive uma oportunidade decente para falar sobre futebol (e logo agora que o PSV vai pagar ao Benfica a contratação do Koeman). Em contrapartida, temos tido discussões interessantes. Tudo começou com uma afirmação destemida: a maior parte das pessoas são estúpidas (stupid). A minha colega discordou, afirmando existir diferentes tipos de inteligência, e que por nós termos desenvolvido uma de um tipo específico, não nos podíamos arrogar superiores aos demais.

Eu concordei com as duas afirmações. Para mim, a estupidez não é o contrário da inteligência, mas antes a incapacidade de compreender pontos de vista alheios e de ultrapassar esquemas mentais já enraizados. Quanto à inteligência, creio que costuma haver um equilíbrio. Geralmente, quem é genial em matemática terá quase obrigatoriamente de falhar em qualquer outro campo - tipicamente na inteligência emocional. E pode não se ser o que se designa de inteligente, mas ser esperto, e vice-versa. Tudo conta.

O meu colega com ar de alemão (shh, não lhe digam que eu disse isto) entusiasmou-se ao procurar definir inteligência e tentou estabelecer a superioridade do raciocínio tipo matemático. Dissemos-lhe para se calar e comer - ele entusiasma-se a falar e depois temos de ficar à espera dele -, e partimos para o estado do ensino. Está feito para as meninas, disse o J. Como assim? É só discutir, não há factos. Eu argumentei que discutir é essencial. O alemão não ficou convencido. Por ele, os factos bastariam. Aliás, continuei, é preciso ensinar não só para a inteligência, mas contra a estupidez. Por isso mesmo, é essencial perceber as limitações dos nossos conceitos. Dei como exemplo os políticos, que gastam meses a discutir um tema sem se aperceberem (ou importarem) que partem de premissas distintas. Isto, disse, é a prova máxima da estupidez e da necessidade imperiosa de se tomar isso em conta no ensino. A estupidez é o combustível das guerras. Por outro lado, concordei que se deve sempre começar pelo ensino dos factos.

Factos, discussão e factos outra vez, replicou o J. Eu concordei, fiz um elogio à filosofia, e um mea culpa por nunca a ter apreciado. Entretanto, era hora de voltar ao trabalho. Infelizmente, não deu para falar de futebol*!
* perdoem-me o egocentrismo do relato

6 comentários:

Anónimo disse...

tarefa difícil...

Cá vai: Médicos sem fronteiras (www.msf.org). Um dia ainda serei eu. Já agora,vejam este video. Está simplesmente fabuloso. Retrata de forma espectacular a SIDA em Africa. http://www.youtube.com/watch?v=p357elS0lq8

Não resisto a mostrar tb este. Não sei de onde surgiu, mas... faz-me arrepiar por dentro. - http://www.youtube.com/watch?v=wcY_HUE7ZkQ


Abreijo

LeGourmet disse...

As leis tugas são de facto o primeiro entrave ao desenvolvimento do país. Hoje, em conversa com a responsável pelos recursos humanos lá da empresa, descobri que podem advir problemas de eu ter pessoas a exercer uma mesma função mas com salários diferenciados! Devem achar os excelsos legisladores (e inspectores de trabalho)que todas as empresas se regem pela bitola da função pública, em que "mérito" é uma palavra que não faz parte do dicionário. Eu distingo, e faço questão de o publicitar internamente, as pessoas que merecem distinção, seja pela positiva ou pela negativa.
Acho que só assim se consegue que uns tenham vontade de ser melhores e outros tenham cada vez mais vontade de não serem citados pela negativa.
Já vai longo este testamento (o segundo do dia...)e por isso n me pronuncio sobre os pontos 2 e 3! Vou é nanar!

Um abraço !

Orlando disse...

Podias falar de futebol aqui no blog!

então neste blog misturas vários assuntos no mesmo post?
É essa a inovação?

É um bocado confuso.

/me disse...

On, digamos que neste blog não tenho grandes preocupações. Não há inovação, há apenas degeneração. A novidade é eu importar-me pouco com o resultado final. :)

Mr Fights disse...

Com um post tão grande só tenho um comentário a fazer: Eca!

lol

Ainda bem que me safei da tarefa.
O governo anda a tentar fazer o que os outros não conseguiram ou não quiseram. Só que com tanta complicação não acredito que se chegue a bom porto.

De futebol já sabes que não percebo nada!

Jinhos

Anónimo disse...

Já são duas e meia da manhã, !! , e ainda tenho que fazer ...

A Aministia Internacional, por razões bem pessoais, que explicarei amanhã.

A tua resposta ao On es preciosa, niño! Linda descontração! Até dá gosto ver-te assim ...

ZR.