16.4.07

O padre da física quântica

No evangelho de São João, capítulo oitavo, diz: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". O texto foi lido na missa ainda [há dias]. A liberdade tem uma história curiosa. S. Tomás de Aquino era um homem muito inteligente mas não tinha muita experiência de vida. Por isso escreveu sobre a liberdade umas coisas certas mas pouco densas, porque ele não tinha experiência de embates na vida. Os tempos mudaram, veio Descartes, viu a liberdade como simples poder de escolha. Quem falou a sério da liberdade foi o existencialismo, quer os cristãos quer os ateus. Sartre, Gabriel Marcel, Heidegger disseram que a liberdade é o poder de dar sentido à vida, é o poder de pegar na vida e fazer da vida a minha vida. Heiddeger foi mais longe ao dizer que a verdade só surge no contexto da liberdade: eu tenho que deixar ser as coisas e as pessoas para que elas se revelem. A essência da verdade é a liberdade. Este tema concorda com a ideia da verdade [que] libertará. Quando Jesus disse isso, os judeus não perceberam e a Igreja também nunca entendeu. A Igreja, o que quis sempre, foi ter um bando de meninos bem comportados. O ideal da Igreja, como o do marxismo soviético, era ter um jardim-de-infância, tudo muito feliz, muito bem comportado, todos de bibe, ninguém fazia disparates. A Igreja não é isso, o evangelho não é isso. Jesus veio a este mundo, viveu, enfrentou, não teve medo de tomar posições contra a ortodoxia, dizer mal da lei e do templo. Não se podia tocar num leproso e ele toca num leproso...

3 comentários:

Anónimo disse...

E agora imagina a tua liberdade justificada pelo outro. Uma liberdade que se põe em questão na justa medida em que aborda o outro, se põe diante dele, imperial, senhora de si, absoluta nas suas coisas, a ‘força que se afirma’ e se detém no olhar do outro, na fragilidade do outro, na fraqueza do outro, no outro como ele é. E o outro que submete a minha liberdade ao julgamento. Uma liberdade que se põe em questão e que se descobre como bondade – a verdade da liberdade. Não é lindo??? Depois há S. Agostinho que diz « ama e faz o que queres», depois há Jesus Cristo que foi à casa do fariseu quando os discípulos lhe diziam não vás mestre, olha o que os outros podem dizer» e ele foi, e ficou para comer e conviveu. É esta dimensão do amor, ‘imoral’, que rompia com os costumes do tempo, que a Igreja perdeu. É pena. Nós seremos salvos pelo amor! Pelo amor com que amamos os outros, e Deus, e pelo amor com que fomos amados. Entretanto não se pode baixar os braços. E preciso todos os dias optar pelo amor, sempre, contra qualquer preconceito, contra tudo e contra todos….Ama e faz o que queres… Olha, tens sido uma inspiração. Acho que vou escrever um post sobre isto no meu B.l.o.g :))))

/me disse...

Fico lisonjeado. :)
Convido-te a divulgar qual é o teu blog. Estás obviamente à vontade para o fazer ou não - ou não falássemos nós em liberdade! ;)

Anónimo disse...

Um édito muito bom, muito actual e sobre um problema que pouca gente toca. E, já agora, um comentário à altura do édito em questão. Parabéns a ambos.