18.4.07

Distanciamento histórico

Em entrevista publicada numa das edições de domingo do jornal alemão Die Welt do mês passado, o cantor Bryan Ferry elogiou o sentido da encenação e da espectacularidade do regime nacional-socialista de Adolfo Hitler. Entre outros, Ferry realçou os filmes da realizadora Leni Riefenstahl, autora de O Triunfo da Vontade e Os Deuses do Estádio, e os projectos de Albert Speer, o arquitecto-chefe do III Reich e ministro dos Armamentos e da Produção de Guerra.

Na segunda-feira, o vocalista dos Roxy Music teve de apresentar desculpas e retractar-se publicamente por aquelas declarações, após se ter abatido sobre ele a reprovação dos principais líderes da comunidade judaica na Grã-Bretanha.


O meu comentário: Eu diria que foi exactamente "o sentido da encenação e da espectacularidade do regime nacional-socialista de Adolfo Hitler" um dos factores chave para conseguirem atingir o protagonismo que tiveram. Reconhecê-lo é justo e serve de aviso para o futuro, para não comprarmos conteúdo por imagem (e hoje mais que nunca corremos esse risco...). Negá-lo serve a estupidificação. Foi por coisas destas que o Salazar ganhou o concurso dos grandes portugueses. Ninguém gosta de exageros. Não existe nada a preto e branco. A personagem mais abjecta pode ter lados bons. E isto não é relativização; apresentar o mundo a preto e branco é que é absolutização.

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