19.3.07

Diz o eterno César das Neves:

Na Grã-Bretanha vive-se uma enorme discussão sobre o Equality Act 2006, o qual, proibindo às empresas e organizações discriminar contra homossexuais no acesso a bens e serviços, obriga todas as agências de adopção, incluindo da Igreja Católica, a colocar crianças em casais do mesmo sexo. Isto conflitua com o direito dessas instituições de seguir os seus princípios morais.

Pois. Mas as crianças não são propriedade da Igreja Católica. Esta substitui o Estado (e isto se lhe deve) no cuidar dessas crianças, mas as regras da adopção têm de ser definidas pelo próprio Estado. Acima de tudo está o interesse das crianças... Se pudesse ser a Igreja a definir as regras de adopção, que impediria uma outra instituição, por exemplo um lobby gay, de acolher criancinhas em risco e negar a adopção a casais heterossexuais?

6 comentários:

Mr Fights disse...

Concordo plenamente. As funções do estado devem principalmente ser as de definir regras justas e iguais para todos.

Anónimo disse...

/me,

não são todas as instituições que se consideram idóneas para acolher crianças.

Acho que a Igreja, negando a homosexualidade *benze-se*, não devia ser obrigada a entregar crianças à tutela de casais homosexuais. Acho que a criança precisa de um pai e de uma mãe. São modelos necessários à reprodução da espécie. Se o Estado se demite do dever (sollen)de zelar por estas crianças, não deve condená-las duplamente, obrigando a "quotas" para casais homosexuais.

Já estou a ver uma criança, 8 anos à espera para ser adoptada, e depois dizem-lhe que já tem pais: e saem-lhe, rigorasamente, 2 pais.

Achas bem? a criança não devia ser sujeita a isso. Acho que quando se é homosexual, se deve aceitar a diferença com as limitações implícitas. E não ser pai é uma delas.

Abraço

Aequillibrium disse...

Mais um que concorda.

Estado e religião têm de ser duas coisas diferentes e independentes. E digo religião e não Igreja Católica porque não faço distinção.

Que venha a adopção de crianças por pais que as amem!

Klatuu o embuçado disse...

Mas é mais complexo do que isso, porque o Estado não pode violar o princípio da Consciência Moral de cada um. O Estado não é um absoluto - é apenas o garante da Lei acordada entre os homens. Há questões de consciência que estão acima do Estado, ou, pelo menos, fora dele.
Por mais que ache preconceituosa a discriminação da adopção para casais homossexuais, não posso também deixar de achar que a religião não é coisa pública, mas sim «privada». E sou insuspeito, nem cristão sou... mas isso de impor novas consciências por decreto, cheira-me a «fascismo democrático».

/me disse...

Caros anónimo/a e klatuu,

Eu não acho que deva haver quotas para adopção por homossexuais. Os interesses a precaver são os das crianças, que não devem servir como instrumento para garantir justiça social ou tratamento igualitário ou seja o que for.
Aliás, eu sou por princípio contra quotas. Neste caso, mais ainda. Não se pode instrumentalizar as crianças!

Eu parto do princípio - disputável, é certo - de que há casais homossexuais que podem ser melhores pais que outros casais heterossexuais. E nesse caso, é do interesse da criança que se lhe permita ser adoptada por quem lhe ofereça melhores condições.

Depois há a questão que o Katluu levantou, que "o Estado não pode violar o princípio da Consciência Moral de cada um". Claro que concordo. Mas aqui a Igreja está a fazer um trabalho que compete ao Estado, e que deve ser regulado por este. Mais, recebe ajudas estatais para o fazer... Mas acho que ninguém deve ser obrigado a nada. As regras da adopção devem (na minha opinião) ser definidas pelo Estado. Quem não concordar não é obrigado a nada, simplesmente sai da área da adopção*.

* isto é uma posição de princípio. Não sei se na prática isto é exequível, ou seja, se o Estado se pode dar ao luxo de não precisar da ajuda social da Igreja nesta área.

Anónimo disse...

Eu acho que a "igreja", digamos, a "religião", tem sido demasiadamente desculpada ao longo de muitos anos... E é por essa desculpa que se verificou e se verifica a quantidade de conflitos religiosos. Quando no fundo a religião é simplesmente um modelo de vida (tristemente imposto pelas "suas" diversas facções) muito carente de amor, o qual ironicamnte reinvidicam infantilmente. "Putos"... o primeiro livro que li, título sucínto deste comentário, mas arrisco um complemento "... a reinvidicarem um rebuçado de sabor amargo?!". Adverto: não sei se o comentário tem a ver com o post.