Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
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11 comentários:
como "nós" andamos... :)
Ai Florbela...
BOm gosto, bom gosto ;)
Oh oh...parece que ao lêr a música nos toma de assalto e nos pômos a cantarolar em voz alta!Um poema excelente numa música ainda melhor! Abraço grande
Florbela Espanca é uma poetiza brilhante que só teve um problema (ou talvez não...): nasceu antes do seu tempo.
Subscrevo: Florbela Espanca nasceu antes do seu tempo!
Sem dúvida nenhuma.
=)
... Inteiramente de acordo com o que ficou dito por todos. Mas não acham que seria já tempo de mostrar outros rasgos da Florbela? Começa a cansar o «ser poeta é ser mais alto»... Há tantos sonetos bem melhores...
Sim, Ric, tens razão. O problema é que eu queria colocar algo da Florbela Espanca mas que não tivesse nenhum elemento de drama ou tragédia. E na verdade, tirando isso, não encontrei nada que gostasse realmente, que fosse do foro do genial (na minha opinião de leigo, e após uma pesquisa de 5 minutos no google).
Sei que colocar um poema-cliché dá um bocado de mau aspecto, mas decidi não me preocupar com isso. :)
... Sem qualquer censura da minha parte, entenda-se... Cliché por cliché, então que venha «Eu quero amar, amar perdidamente»: é Florbela a 100%!
Nela há sobretudo um lirismo dramático ou trágico, quase todo ele autobiográfico. Daí, a sua autenticidade. Mas há nela um génio lírico!
Genialidade, deverias procurá-la em Pessoa, por exemplo...
Tens razão, Ric. Mas tinha mesmo de ser Florbela Espanca...
Razões mais altas se alevantaram. ;)
Nas condições que indicas, sem drama ou tragédia, em Florbela não é fácil encontrar. Mas gosto muito deste soneto dela:
A noite sobre nós se debruçou...
Minha alma ajoelha, põe as mãos e ora!
O luar, pelas colinas, nesta hora,
É água dum gomil que se entornou...
Não sei quem tanta pérola espalhou!
Murmura alguém pelas quebradas fora...
Flores do campo, humildes, mesmo agora,
A noite os olhos brandos lhes fechou...
Fumo beijando o colmo dos casais...
Serenidade idílica das fontes,
E a voz dos rouxinóis nos salgueirais...
Tranquilidade...calma...anoitecer...
Num êxtase, eu escuto pelos montes
O coração das pedras a bater...
ZR.
eu não gostar de Florbela... [blerg]
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