13.7.06

De espírito pobre

Querem saber como reconhecer os bons e santos sacerdotes? Segundo uma pessoa que cita o frívolo Diógenes,

* Não procuremos bons Sacerdotes bronzeando-se nas praias, ou divertindo-se e pulando nas farras. Os bons Sacerdotes não frequentam esses lugares mundanos e degradantes.

* Não procuremos bons Sacerdotes na TV ou na Internet, em ambientes materialistas ou em festas profanas. Os bons Sacerdotes são discretos, caridosos, castos e piedosos, preferindo a oração e a intimidade com Deus.

* Não procuremos bons Padres entre os intelectuais, nas livrarias ditas católicas, porque lá quase só estão publicadas as obras de padres liberais e modernistas. Os bons Padres estão adorando o Santíssimo de joelhos, promovendo Horas santas, ou visitando os doentes.

* Não procuremos bons Padres entre aqueles que profanam a Santa Missa, gingando e dançando, fazendo o povo bailar até na hora da Comunhão. Os bons Padres celebram piedosamente a Eucaristia e dão-se ao devido respeito, não dançam e cumprem todos os preceitos da Liturgia e do Magistério da Igreja.

* Não procuremos bons Sacerdotes entre os que fazem palestras banais, quermesses profanas e debates sociais. Os bons Sacerdotes falam pouco, rezam muito e meditam ainda mais, assistindo espiritualmente quem mais precisa e dando sempre o bom exemplo.

* Enfim, não encontraremos bons Sacerdotes dando aulas nas faculdades de teologia e filosofia, que se multiplicam cada vez mais. Lá, praticamente só podem leccionar padres comprometidos com o relativismo moral e religioso, ou com temerárias filosofias. Os bons Sacerdotes falam simplesmente, e não se exibem discutindo experiências carismáticas ou crises existenciais; nem falam de gnoses, dialécticas ou práxis. Os bons Sacerdotes só falam de Deus, das Virtudes, da Vida espiritual e da Vida eterna.

E a lista continua...

Levanta-se uma questão complicada: como escolher entre estes sacerdotes corcundas e calados um bispo? Pior ainda, um Papa?

Mais, o que pensar de um leigo que se arroga a dizer como os padres devem ser, cita Diógenes e mantém um blog na Internet? Usando os critérios do mesmo...

Sei que não devia divulgar tamanhos dislates, mas não consegui digerir isto sozinho...

23 comentários:

paulo,sj disse...

/me que pérolas!! Vou gravar isto, imprimir e pôr à saida do meu quarto... Assim, quando sair vou ler, porque eu quero ser um bom padre!

Fora de brincadeiras.

Quando leio isto vêm-me à cabeça imensos Santos que foram Teólogos e Filósofos (Sto. Agostinho,S. Tomás de Aquino - para ir aos primórdios, depois S. Roberto Belarmino, bem não vou estar aqui a fazer uma lista ENORME )...

Alguns que "bailaram" (S. João de Brito, por exemplo)... Outros que se vestiram grandiosamente, por exemplo, para se apresentar diante do imperador e assim entrar no Japão e poder evangelizar (ainda hoje é bastante respeitado por todo o oriente) S. Francisco Xavier...

Enfim seria uma grande lista...
Hmmm, então, a Congregação dos Santos tem-se enganado ao longo deste milénios... Bem, mas mais do que ser Santo de altares (tenho devoção à vida de alguns), eu acredito na santidade daqueles que acolhem. A meu ver, um padre, e conheço muitos, deve ser simplesmente bom. Conheço um caso, para dar um exemplo, em que um padre foi a uma discoteca com os alunos da faculdade. Isso marcou-os de tal modo, que grande parte da turma era ateia e converteu-se à séria.

Acho que a liberdade permite almoçarmos, como Cristo fez, com publicanos, prostitutas e leprosos... Se assim não for, fazemos o que Ele nunca fez: Acepção de pessoas!!

Anónimo disse...

Ah, não conhecias ainda?

Eu, quando li pela primeira vez, cocei-me como se tivesse um ataque de urticária. Não tenho paciência para voltar lá, mas lembro-me de uma ( ou será noutro post do mesmo site? ) em que o padre é posto assim como uma espécie de Teresa-de-Jesus-uma-sua-criada-do-reverendíssimo-bispo. Coisas ...

Mas não concordo contigo quanto a

"o que pensar de um leigo que se arroga a dizer como os padres devem ser?"

Qualquer pessoa pode/deve dizer a sua opinião sobre o assunto, que deve ser escutada. Claro que, vindo de onde vem, podemos pensar que é uma atitude um pouco contraditória ...

O triste é que há muito mais gente entre os responsáveis da Igreja romana a pensar nestes modos que o que se pensa; claro, nem todos piam assim, que parece mal e é contraproducente - não se apanham moscas com vinagre. Mas há muitos.

Com o concílio, ficaram um pouco na sombra; mas, com o pontificado do papa polaco, recobraram forças e, hoje, os restauracionistas ( dos tempos pré-conciliares ) dominam largamente na Igreja romana ( nos responsáveis ).

Mas há sempre alguma coisa que fica ... Nem os Antónios Marias deste mundo se atrevem a voltar atrás na questão judaica ... e olha que as barbaridades que a Igreja romana fez e disse em relação aos judeus são de arrepiar. Em pleno sec XIX, já a emancipação civil dos judeus se tinha feito na Europa ocidental e parte da central, e, nos Estados da Igreja, continuavam a ser-lhes negados direitos civis elementares ... com argumentações análogas às que a Igreja romana usa hoje sobre os homossexuais ... Ando a estudar o assunto, um dia escrevo algo sobre ele.

Porque é que a Igreja romana erra tanto? Se analisarmos outras denominações cristãs que, em montes de assuntos ( escravatura, paz e guerra, valoração da democracia, valoração da liberdade religiosa, não discriminação da mulher, não discriminação dos homossexuais, ... ), adoptaram posições correctas muito antes da romana ( em alguns casos, esta ainda está nas posições erradas ), vemos que nunca foi por iniciativa da hierarquia que o processo de revisão se iniciou; houve sempre uma pressão inicial das "bases" que despoletou o processo. Simplesmente, essas denominações têm formas de organização que permitem a participação efectiva dos laicos interessados na escolha dos responsáveis e na definição da doutrina. Na Igreja romana tais formas são inexistentes.

Enquanto os meus irmãos católicos romanos não corrigirem isso, a sua denominação coxeará atrás da sociedade, resmungando, incorporando com grande atraso as mudanças libertadoras ( democracia, liberdade religiosa, emancipação dos judeus - em tudo isto houve atrasos de séculos; na não discriminação de mulheres e homossexuais, o processo decorre - mas o atraso é escandaloso ). E podia ser tão diferente ... É tão fácil imaginar uma Igreja que, em todas as suas denominações, iluminada pela sua cabeça, Jesus, orienta o homem na sua libertação ...

Um abraço,
ZR.

/me disse...

ZR, a minha frase ""o que pensar de um leigo que se arroga a dizer como os padres devem ser?" só faz sentido quando seguida de "Usando os critérios do mesmo..."
:)

Anónimo disse...

Claro, tens razão. Foi distração ( e sono ). Sorry.
ZR.

Anónimo disse...

Mas coisas destas sucedem em outros âmbitos.

Como sabes, fui membro do PCP por largo tempo; os estatutos falam de espírito de crítica e etc.; mas, de facto, o "bom e santo sacerdote" de que se fala dá, mutatis mutandis, o "bom e abnegado revolucionário"; e muitos dirigentes do PCP pelar-se-iam por terem umas mãos-cheias de tais militantes ...

Um dia, estava falando com um dirigente, expondo as minhas críticas de sempre ( falta de democracia, atenção exclusiva às formas económicas de discriminação/opressão/exclusão ), e caí na asneira de dizer que esta situação de estar dentro mas com discordâncias substanciais me causava estados de alma que não eram agradáveis. O que fui dizer ... Levei um raspanete, porque "um bom comunista não tem estados de alma" ( textual ).

O nosso António Maria, se os acasos da vida o tivessem levado ao PCP, não deveria ter estados de alma - e seria um militante exemplar!

Há um provérbio indiano sobre o burro e a carga de sândalo que ele transporta nos lombos: conhece-lhe o peso, mas desconhece-lhe o valor.

Acho que se aplica a todos as instituições e doutrinas/ideologias: haverá sempre burros alombando com pesadíssimas carga de que ignoram o valor.

Coragem: o homem está há tão pouco tempo aqui ... havemos de melhorar ... com a ajuda de Deus e pelos nossos esforços.

Abrações e beijinhos,
ZR.

Anónimo disse...

De acordo com todos esses critérios, o melhor sítio a procurar é na rua. Se vires alguém numa cadeira de rodas, cego, surdo e mudo, tens aí o teu Bispo, ou Papa, ou lá o que for que eles querem.

Ou sempre podes ir a centro de terceira idade e fazer uma requisição para adoptar um velhinho (as if...).

De qualquer forma, a primeira opção é a mais viável. Aceitam-se sugestões e pagam-se subsídios de alojamento e transporte. Já agora... Em estado vegetativo era o ideal, visto que esses "gajos" nem sequer escrevem os próprios discursos ("cursos"), como os políticos.

o_O

=\

Whatever;

O.

Migalhas disse...

Creio que o melhor favor que podemos fazer a determinadas pessoas (como esta pessoa que escreveu todas estas "qualidades" dos padres), é nem sequer os ler. Deixá-los na doce ilusão de que estão "no caminho certo".
Quando Cristo enviou os Apóstolos "dois a dois" não foi para ficarem fechados em si nem nos templos. Foi para irem, de verdade, para o meio do mundo. E, felizmente que o mundo não é só beatas e beatos. Por alguma razão há, na Igreja, os "padres seculares", ou seja, aqueles que vivem no "século", no mundo. Não os tiremos do mundo, mas deixemos que eles sejam fermento. Que "sujem" as mãos com as prostitutas, os doentes, os marginalizados.
Atrevo-me até dizer uma "heresia": deixemos que eles pequem; só pecando é que darão valor ao AMOR. Esmurrar o nariz no chão faz bem. E, como só os pecadores é que vão para o Céu...
(Já estou a imaginar o que vão dizer de mim!)
Padres dos que são apresentados nesse blog, há por aí demasiados (e parece que muitos dos novos em idade estão a seguir esse caminho (infelizmente).
Deixem que os padres seculares sejam mesmo seculares.
Um abraço

José Avlis disse...

Obrigado pelos imerecidos cumprimentos. Imerecidos porque o autor desse post foi o José Mariano.

Com uma linguagem algo hiperbolica o José Mariano procura hierarquizar as prioridades que devem ter os sacerdotes.

Visto que não concordam com ele talvez possam comentar as palavras do Papa Bento XVI:

O mundo no seu activismo frenético - salientou - perde muitas vezes a orientação. O seu agir e as suas capacidades tornam-se destruidoras, se faltam as forças da oração, das quais brotam as águas da vida capazes de fecundar a terra árida


O Zé Ribeiro, compreendo a tua falta de tempo para o debate que em tempo me sugeris-te. Obviamente que uma coisa é mandar "bocas" em meia duzia de blog, outra é um debate em que as questões se aprofundem mais.

António Maria

Manuel disse...

Oh, valha-me Deus... Não acerto uma...:) Acho que vou imolar pelo fogo...!

Vítor Mácula disse...

Ei… Ai o caraças… Olha, está uma caloraça em Lisboa que nos dá a impressão de ter os miolos a boiar em azeite… E é só por tal que deixo passar quase em silêncio a acusação de frivolidade ao grande Diógenes o cão :P

Que raio, frívolo?... A ironia céptica nunca é frívola…

Aliás, e respondendo à tua angústia eleitoral, olha2: Diógenes para papa! (Depois de convertido ao cristianismo, (sobre)naturalmente… ;)

Abraços azeitados (o que me vale é que bazo já este fim de semana… poluição, stress e caloraça, não dá… )

/me disse...

António Maria, não eram cumprimentos, antes críticas.

As palavras do Santo Padre referem a necessidade de oração. Tanto para padres como para leigos.

Um padre pode rezar muito e ir à praia, ou ler, ou discutir, ou participar em palestras.

Eu iria sugerir-te a ti e ao José Mariano que sigam o conselho que dão aos padres: falem menos e rezem mais.

Anónimo disse...

Bem, há sempre a hipótese de comparar o texto citado com o último post do Confessionário...
JS

José Avlis disse...

Era ironia, /me.
Claro que pode fazer isso tudo, a questão está em discernir as prioridades.
Há alguns sacerdotes que se deixam envolver por activismo tal que lhes rouba o indispensável tempo para a oração e meditação. Correm mas com o risco de correr sem rumo.

Escrevi um post que vagamente aborda esse assunto:

http://nova-evangelizacao.blogspot.com/2006/04/os-novos-pecados-ou-o-sensacionalismo.html

António Maria

Anónimo disse...

Certo domingo, em viagem, parei para assistir à Missa numa pequena Igreja nos arredores de uma cidade. O padre subiu ao púlpito e simpatizei com a sua maneira graciosa e gentil. Parecia sossegado, humilde, um homem. Eu desfolhei os meus próprios pensamentos e aguardei que ele falasse. E ele disse que o mundo era egoísta, que as colectas tinham diminuido, que o povo cantava mal durante a Missa. Choramingou pelos sofrimentos dos amigos que tínhamos no purgatório e envergonhou-nos de os termos esquecido tão depressa. Citou as Escrituras para reforçar os seus pontos de vista sobre o sofrimento depois da morte e encheu-me de tédio com as suas maçudas palavras. Depois pediu que nos levantássemos e rezássemos o Credo. Não pude acompanhá-lo na reza e só pude ter dó da ignorância por ele manifestada. Tive ganas de me levantar e de gritar, de amotinar o povo e de lhe rasgar as costas da sotaina. Tive ganas de o arrastar do púlpito e levá-lo ao mundo dos homens. Desejei que ele andasse entre os solitários e os pobres, que comesse com eles, que chorasse com eles, que risse e bebesse cerveja com eles. Desejei que ele atirasse com os livros e olhasse para os homens, que fixasse os olhos daqueles que não desertaram da vida. Só pude chamar-lhe «garoto». Senti dor, uma profunda dor, e meditei no abismo que separa este padre do homem seu irmão. Senti dor, uma profunda dor, e pensei a lista do António Maria sobre os «Bons e Santos Sacerdotes»: vomitei-os todos!

Mais tarde, confessei este vómito a um padre que é seguramente um sacerdote discreto, caridoso, casto e piedoso; vivendo a oração e a intimidade com Deus, adorador do Santíssimo de joelhos, promotor de Horas santas, visitador de doentes; celebrante piedoso da Eucaristia que se dá ao devido respeito e cumpre todos os preceitos da Liturgia e do Magistério da Igreja; orante do Terço e do Breviário, quer na sua pobre capela quer quando faz viagens ou anda pelas ruas, e nos faz caridade sem altifalantes; fala pouco, reza muito e medita ainda mais, assistindo espiritualmente quem mais precisa e dando sempre o bom exemplo; enfim... o melhor dos melhores que certamente nem o António Maria teria a ousadia de reprovar... Este padre, para meu espanto, apoiou-se no meu braço e inclinando-se começou a vomitar e dizia chorando: «Meu Deus, como é possível que o Maligno tenha entrado no António Maria e tenha tomado posse do seu pensamento?! Eu sei, Senhor, que ele não está perdido, pois a sua alma pertence-Te e eu também sou enviado a procurar a ovelha perdida, para que volte ao Teu redil.» Depois, olhando-me nos olhos disse-me: «És feliz, meu filho, porque não foi a carne nem o sangue que te fez vomitar, mas o meu Pai que está no Céu...e não suportou essa afronta do António Maria a separar o que Ele desde sempre quer unir: os seus sacerdotes, na comunhão do Seu Amor!».

(/me, desculpe-me a penitência!)

/me disse...

António, lembras-te de quando interpretaste as palavras da MC como um incentivo à violência? Foste do mais literalista possível. Agora pretendes que se leia o que está escrito neste post que aqui cito parcialmente do modo o menos literal possível?

Ok, seja. Se este post pretende caricaturar o que não deve ser um padre, talvez dê algumas boas pistas. Mas é de um exagero tão atroz que apenas pode escandalizar e chocar.

José Avlis disse...

Me, usa a benevolencia complacente que usaste para a intolerancia que a mc mostrou naquele (e noutros) comentarios para com esse topico.

Claro que é um exagero interpretar de forma absolutamente literal o comentario da mc, mas é ingenuidade negar que ele é uma manifestação de intolerancia, até de agressiva intolerancia, para quem dela discorda.

António Maria

/me disse...

António, aceitando a tese de que eu estou a usar dois pesos e duas medidas, repara que tu também estás, ao usar a "benevolência complacente" com que dizes que recebi o comentário da MC relativamente ao post que colocaste no teu blog.

E há uma diferença. O comentário da MC foi resposta a um comentário teu, que foi agressivo e despropositado (e na verdade, até posso facilmente admitir que os homossexuais possam em média ser mais narcisistas que o resto da população, porque não? Se são diferentes para umas coisas, haverão de o ser para outras. Mas o teu comentário não era suposto ser científico, mas sim uma provocação gratuita).

José Avlis disse...

O meu comentário não era agressivo nem despropositado.
Era pertinente e limitava-se a citar umas leituras que fiz.
Era uma provocação mas não era gratuita como se viu pelo debate frutuoso que gerou.

António Maria

/me disse...

Repara, eu fiz um comentário sobre mim mesmo, enquanto pessoa. Que me estava a sentir demasiado centrado em mim. Foi algo tipo exame de consciência.

Tu respondeste que os homossexuais são narcisistas. Perdão?! Por acaso sou gay, sim, mas antes disso sou uma pessoa. E acho muito deselegante que a propósito de um desabafo pessoal se faça uma crítica de "classes". Até é possível que em média os homens homossexuais sejam mais narcisistas que os heterossexuais, tal como possivelmente também se poderá dizer que terão mais cuidados com a higiene pessoal. Mas eu não sou um número de estatística, sou uma pessoa. Não gosto de ser reduzido a umas quantas linhas de um manual devido a uma qualquer característica minha...

Por isso mesmo, considero que o teu comentário foi mais do que despropositado. Seria o mesmo que tu dizeres que és contra o aborto e eu dizer que a tua opinião é essa porque és homem, e não seria se fosses mulher.

Quanto a ser agressivo, isso advém do ser despropositado. Ninguém falou em homossexuais, fui eu que falei em mim. E, a propósito disso, fizeste um comentário depreciativo para os homossexuais.

Quanto ao debate frutuoso, não vejo quais possam ter sido os frutos. A mim não me convenceu nada do que tu tenhas dito, e tenho a forte impressão de que o contrário também é verdade... Foi um debate crispado e sem utilidade... E, sabes, se querias discutir a homossexualidade, do ponto de vista ético, social ou moral, bastava dizeres... Aliás, basta dizeres. Mas a discussão começou muito torta, e isso foi culpa tua.

José Avlis disse...

Quanto ao aborto as sondagens indicam que as mulheres se opoem mais ao aborto que os homens.

O debate levou-os a aceitar algumas coisas que inicialmente nem sequer pensavam. Aceitar que podem ser estudados como qualquer outro grupo, aceitar que para além do diferente desejo sexual pode haver traços psicologicos marcantes distintos dos heterossexuais, uma historia pessoal que genericamente pode ser distinta.
As estatisticas deste genero são feitas de pessoas. E fazes parte delas quer gostes quer não.
Era obviamente pertinente. Se indicas uma caracterista psicologica tua que dizem os manuais estar ligada com outra é obvio que posso referir existir uma correlação entre ambas.
Descobrir a razão da correlação é dificil, saber que há correlação é útil. Se queres examinar-te a ti mesmo é-te útil saber a hipotética relação entre estas diferentes caracteristicas. O saber não ocupa lugar.

António Maria

/me disse...

Eu sempre aceitei que os homossexuais podem ser alvo de estudo. Tu é que assumiste o contrário, e entraste com esse preconceito na conversa.

Tal como sempre aceitei que os homossexuais poderão ter traços psicológicos distintos. Tenho alguns posts neste mesmo blog em que refiro isso... O que eu critiquei foram as generalizações abusivas. Que continuo a criticar.

Afinal, aplicaste uma generalização a mim mesmo. E continuas a fazê-lo. Antes de mais, tu nem sabes se eu sou de facto mais narcisista que o comum dos mortais. Pelo menos, suponho que não me conheces o suficiente para afirmar isso. Eu fazer eu exame de consciência e dizer que me sinto demasiadamente centrado em mim não faz necessariamente de mim um narcisista. Até posso estar centrado em mim e odiar-me. Isso faria de mim egocêntrico, o que é algo substancialmente diferente.

Depois, eu até posso ser narcisista, e isso não ter nada a ver com ser ou não homossexual. É que aí está a generalização abusiva: é que é admissível e bom, até, que se façam estudos sociológicos a conjuntos de pessoas determinados por uma dada característica, mas quando os aplicas a cada um dos indivíduos, estás a abusar. Mesmo que a generalidade dos homossexuais fosse narcisista, isso não implicaria que eu o fosse.

No mínimo, terás a noção de que se tivesses usado de um espírito de caridade nunca terias ao menos colocado a questão da forma como a colocaste. Que era, repito, ofensiva.

José Avlis disse...

/me, no topico anterior existiram pessoas que contestaram a minha afirmação manifestamente porque queriam evitar que os homossexuais fossem alvo de estudo. Tu podes não o ter feito mas não foste o unico a responder aquele topico.

Eu não apliquei nenhuma generalização seja a quem for, limitei-me a referir um dado que podia ajudar-te a reflectir e tu reagiste enviando a carapuça com toda a força e respondendo agressivamente.

Dizes que te sentes demasiado centrado em ti mesmo, eu disse-te os homossexuais têm frequentemente essa tendencia. É um dado pertinente e que ajuda a refletir.

Reagiram como se fossem vacas sagradas a quem não se pode referir nada de negativo.

Continuado a ajudar-te a reflectir podemos colocar a questão:

- Assumindo que realmente os homossexuais são, genericamente, muito centrados em si mesmos será que isso está na genese da sua homossexualidade ou será que é consequencia desta?

Alguem muito centrado em si mesmo pode ter maior tendencia para a homossexualidade porque procura no proximo uma projecção de si mesmo. Isso faria com que o egocentrismo estivesse na genese da homossexualidade.
Por outro lado os homossexuais dificilmente constituem familia com filhos e essa ausencia pode desenvolver o egocentrismo. São também um grupo minoritario, que enfrenta dificuldades proprias que frequentemente provocam bastante sofrimento. São dois factores que podem favorecer o desenvolvimento do egocentrismo nos homossexuais. Neste caso esse egocentrismo seria consequencia da condição dos homossexuais na sociedade.

António Maria

/me disse...

Admito que respondi agressivamente, porque entendi (e entendo) que tu querias provocar.

Mas pronto, águas passadas. Pondo isso de parte, já acho esta tua última reflexão interessante.

Falando sobre mim, não me acho propriamente egocêntrico, mas acho que estou em harmonia comigo mesmo. Fui obrigado a conhecer-me muito bem... O que, na verdade, me ajuda a conhecer os outros. Não ter filhos não é um factor relevante, porque não tenho ainda a idade em que a tê-los os teria, e de qualquer forma equaciono adoptar.

E olha, quando disse que me sentia muito centrado em mim, é porque tinha passado uns quantos dias praticamente só a trabalhar e sem estar com ninguém, e estava farto de estar apenas comigo mesmo.

Seria interessante eu fazer um post a perguntar se os homossexuais são, regra geral, mais narcisistas ou mais egocêntricos que o resto da população.