No primeiro período do 9º ano, tive notas inferiores às habituais tanto em Inglês como em História. Em ambas as disciplinas, os professores eram os mesmos já há dois anos, e já me conheciam. Porém, tiveram atitudes diferentes:
prof. de inglês: "já te conheço, e sei do que és capaz. Tanto poderia dar-te 4+ como 5-, mas vou dar-te o 5, que espero que mantenhas no próximo período"
prof. de história: "A tua nota está entre o 4 e o 5. Quero que te esforces mais no próximo período, por isso agora dou-te o 4, para depois trabalhares mais"
Moral da história: Não voltei a estudar história e concentrei-me mais nos testes de inglês.
Não funciono bem com estímulos negativos. Nunca funcionei. Infelizmente, parece-me que é essa a tática dos nossos governantes. Partem do pressuposto de que os portugueses são maus e preguiçosos, e têm de ser obrigados a trabalhar. Como se isso desse para ir longe...
É o caso dos professores de liceu (o inverso do exemplo que dei). Agora surgiu a notícia de que os pais dos alunos poderão ter algum papel na avaliação desses professores. A ser verdade, parte-se do pressuposto de que os professores são maus profissionais e que têm de ser obrigados a trabalhar bem, o que fragiliza a sua imagem. Eu sou todo a favor da avaliação, note-se, mas por parte de quem tenha competências para isso. Não por parte dos interessados.
Os professores são pessoas formadas para o efeito, pelo menos na maioria dos casos. Deveriam ser protegidos e quase soberanos. O problema é que se assume - e se age em conformidade! - como se estes não fossem responsáveis. Depois, claro, quem é tratado como bandido também não pode ter grande motivação.
Mas os professores também têm culpa, dir-me-ão. Eu andei numa escola em que a maioria dos professores estavam motivados, numa altura em que as reformas sucessivas lhes foram dobrando (partindo?) a espinha. Assisti ao abandalhar de tudo no meu lugar de aluno (área escola??? anedótico!!!), perante a impotência dos professores. Os bons profissionais foram desistindo, e na realidade não os posso censurar. Quando se dá uma nota a um aluno e esta pode ser alterada pelos outros professores, por votação, sem mais, que é isto senão um atestado de incompetência? E, lá está, se me tratam como incompetente, porque hei-de eu dar-me ao trabalho de ser competente? Seja como for, serei injustiçado.
Mas enfim, na educação quase tudo vai mal. A começar pela ideia de medir o sucesso pelo número de alunos que passam de ano, que é (repito-me) como medir o sucesso hospitalar pelo número de altas, independentemente do doente ficar curado ou não. É um princípio muito perigoso, que poderá premiar os mandriões.
prof. de inglês: "já te conheço, e sei do que és capaz. Tanto poderia dar-te 4+ como 5-, mas vou dar-te o 5, que espero que mantenhas no próximo período"
prof. de história: "A tua nota está entre o 4 e o 5. Quero que te esforces mais no próximo período, por isso agora dou-te o 4, para depois trabalhares mais"
Moral da história: Não voltei a estudar história e concentrei-me mais nos testes de inglês.
Não funciono bem com estímulos negativos. Nunca funcionei. Infelizmente, parece-me que é essa a tática dos nossos governantes. Partem do pressuposto de que os portugueses são maus e preguiçosos, e têm de ser obrigados a trabalhar. Como se isso desse para ir longe...
É o caso dos professores de liceu (o inverso do exemplo que dei). Agora surgiu a notícia de que os pais dos alunos poderão ter algum papel na avaliação desses professores. A ser verdade, parte-se do pressuposto de que os professores são maus profissionais e que têm de ser obrigados a trabalhar bem, o que fragiliza a sua imagem. Eu sou todo a favor da avaliação, note-se, mas por parte de quem tenha competências para isso. Não por parte dos interessados.
Os professores são pessoas formadas para o efeito, pelo menos na maioria dos casos. Deveriam ser protegidos e quase soberanos. O problema é que se assume - e se age em conformidade! - como se estes não fossem responsáveis. Depois, claro, quem é tratado como bandido também não pode ter grande motivação.
Mas os professores também têm culpa, dir-me-ão. Eu andei numa escola em que a maioria dos professores estavam motivados, numa altura em que as reformas sucessivas lhes foram dobrando (partindo?) a espinha. Assisti ao abandalhar de tudo no meu lugar de aluno (área escola??? anedótico!!!), perante a impotência dos professores. Os bons profissionais foram desistindo, e na realidade não os posso censurar. Quando se dá uma nota a um aluno e esta pode ser alterada pelos outros professores, por votação, sem mais, que é isto senão um atestado de incompetência? E, lá está, se me tratam como incompetente, porque hei-de eu dar-me ao trabalho de ser competente? Seja como for, serei injustiçado.
Mas enfim, na educação quase tudo vai mal. A começar pela ideia de medir o sucesso pelo número de alunos que passam de ano, que é (repito-me) como medir o sucesso hospitalar pelo número de altas, independentemente do doente ficar curado ou não. É um princípio muito perigoso, que poderá premiar os mandriões.
Os portugueses, em geral, têm de ser motivados. Têm de se sentir respeitados, e que o seu trabalho é importante. Têm de se sentir parceiros para um futuro melhor. Enquanto forem tratados como bandalhos, não se vai longe.
2 comentários:
\me, gostei bastante deste teu post e já percebi que temos ideias bastante semelhantes no que diz respeito a este tema. Mas a parte problemática é que me parece que não podemos partir do pressuposto de que os professores têm de facto qualidade e mérito sequer para uma auto-avaliação do seu desempenho. Imagino que uma parte significativa possua um enrme conhecimento da matéria que ensina, mas há uma outra parte que acho que nem isso tem, e, a meu ver isso é absolutamente essencial, qualquer que seja o ano a leccionar.
Dou-te um exemplo. Um destes dias, num jantar, onde estava presente uma professora com trinta anos de serviço e a dar aulas de inglês, levantou-se uma dúvida acerca do significado de uma certa palavra em inglês. Eu sabia o que queria dizer essa palavra e traduzi para a pequena audiência aí de dez ou quinza pessoas. Claro que descrentes imediatamente se voltaram para a apreciação soberana de quem sabe disso. Imediatamente a sua resposta foi - eu não dou isso aos meus alunos - mas está certo.
Ou seja, longe vão os tempos das quimeras da minha professora do liceu de Física que era excelente e sabia tudo e mais alguma coisa! Ensinava-nos tanto além do programa. Realmente sabia Física.
beijinho
AR
Os pais e encarregados de educação devem ter um papel importante na avaliação de, por exemplo:
i) a adequação dos horários aos interesses dos alunos ( e não dos professores );
ii) a qualidade da cantina;
iii) os transportes escolares;
iv) a acção social escolar;
e por aí fora.
Quanto à avaliação científica e pedagógica dos professores, o papel deve ser nulo.
ZR.
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