24.5.06

Inteligência emocional

A gente diz que faz e que acontece, e que sente isto e aquilo. Racionaliza desta ou daquela forma, explica e complica, quando afinal era simples: consideremos apenas que se normalmente tem, devido a tais factores, ou talvez porque assim é, mas isso sem dúvida, aí é que já nem tanta certeza, ora pois sem discussão!, se calhar até afinal...

Li num livro a história de um homem que também fazia e acontecia, sentindo assim e assado. Encontrou Deus, que lhe tirou uma rolha - de existência até então desconhecida - da boca. Então brotou do seu peito um grito cantado e polifónico* e que exprimiu todos os sentimentos até então guardados dentro de si. Então percebeu o seu coração.

Exprimir os sentimentos não é mais que inteligência emocional. Só que do coração ao cérebro não se vai de auto-estrada. Os caminhos são por demais tortuosos, e do sentir ao dizer, ou até ao pensar que se sente, muitos erros se cometem. Outras vezes até, nem sabemos explicar o que sentimos.

Hoje estou amuado. E nem sei porquê. Parece que tenho 17 anos outra vez.

* a palavra é "minha", não do autor do livro.

14 comentários:

Nuntius disse...

ok...17 tb é não...mas mais k 18 n tens!! hehe

Anónimo disse...

Eu admito que funciono em dois "modes", racionalidade/cabeça e afectividade/coração.

E faço os possíveis por, em cada situação, identificar o "mode" mais adequado, e ligá-lo; mas ( isto é importante ) nunca desligando o outro e mantendo sempre a troca de informações entre os dois.

A consciência funciona como uma espécie de central que determina o mais adequado à situação, coordena os seus funcionamentos e, em caso de conflito, confirma/infirma prioridades de funcionamento.

Em caso de conflito, a regra, com muito poucas excepções, é que a prioridade se mantenha em ( ou passe a ) o "mode" afectivo.

Exige algum treino.

À partida, exige-se só não "ter vergonha" ( para nós próprios ) dos nossos sentimentos, das nossas emoções, paixões, ... Aceitá-los como expressões naturais e legítimas de nós e das nossas relações com os outros. Mesmo que não saibamos compreendê-los e explicá-los.

Com o tempo, aprendemos a usar a racionalidade para compreendê-los e explicá-los.

E, no sentido contrário, a usá-los ( sentimentos, emoções, paixões, ... ) como aferidores do raciocínio.

É também importante que, nas relações com os outros, expressemos junto dos outros essa afectividade. Controladamente ( pela racionalidade ), claro - a não ser em situações de total intimidade. A existência destas é importante: o "mode" afectivo para funcionar bem requer estas descargas.

Os 17 anos são uma bonita idade ...
Ontem, numa reunião do Conselho do Departamento, foi comunicada uma proposta da Reitoria para a organização de actividades ( científicas, culturais, desportivas, ... ) nos meses de Verão, destinadas aos jovens de 9/18 anos. Todas as ideias que surgiram dirigiam-se explicitamente aos jovens de 16/18 ... Pois.

Anónimo disse...

( Falsa manobra no botanito azul, porque 'inda faltava )

Tchuiiiik,
Zé.

CVJ disse...

Então vive e não desperdices os teus 17 anos e o que sentes, mesmo que não saibas explicar o que é.
Abraço
Leonel

Mikael disse...

Quem não tem dias assim? Em que tudo acontece ao contrário, em que as desilusões aparecem, em que as dores são reacendidas, em que... não sabemos lidar connosco mesmos.
Mas com 17 ou 71 anos (ou mais ou menos) há coisas que devem ser mais fortes do que tudo o resto. A capacidade de nos levantarmos e seguir em frente. Não deixando os problemas para trás, mas sim em direcção à batalha.

Abraço

Manuel disse...

Os amuos dos 17 säo frequentemente, manifesta falta de inteligência emocional... :)
Abraço

Som do Silêncio disse...

Fico feliz por te ter curado com a foto hehehehehehe
Beijinhos

Orlando disse...

"Intelgencia emocional = conversão religiosa"

É essa a ideia do post?

Então qual é?

podes reduzi~la a uma frase?

paulo,sj disse...

Olho para o ser humano, na sua plenitude e vejo um ser de afecto, de ligação, de sentimentos. Somos marcados por uma sensibilidade que alimenta a nossa relação uns com os outros. Isso é demonstrado através dos sentimentos que afloram e com os quais temos de dialogar.

Mais do que estar com muitas palavras, partilho um poema que gosto muito e que até chego a rezá-lo, algumas vezes…

DEUS ESCREVE DIREITO

Deus escreve direito por linhas tortas
E a vida não vive em linha recta
Em cada célula do homem estão inscritas
A cor dos olhos e a argúcia do olhar
O desenho dos ossos e o contorno da boca
Por isso te olhas ao espelho:
E no espelho te buscas para te reconhecer
Porém em cada célula desde o início
Foi inscrito o signo veemente da tua liberdade
Pois foste criado e tens de ser real
Por isso não percas o teu fervor mais austero
Tua exigência de ti e por entre
Espelhos deformantes e desastres e desvios
Nem um momento só podes perder
A linha musical do encantamento
Que é teu sol, tua luz, teu alimento

Sophia de Mello Breyner Andersen

Um Abraço, com a minha oração!

Mr Fights disse...

Em primeiro lugar acho k andas a ler uns livros muito marados... Como se Deus não tivesse mais k fazer senão andar a tirar rolhas da boca das pessoas...

Em segundo lugar espero k o amuo já tenha passado senão vou ter de agir...

lol

não, não era nenhuma ameaça fisica... :p

/me disse...

On, a ideia do post é que nem sempre sabemos o que sentimos. Que é óptimo tentar perceber, mas que nem sempre é possível. Às vezes, simplesmente sentimos. Sem explicação.

A história de Deus e da rolha é apenas uma metáfora para os momentos em que nem sabemos o que sentimos.

Anónimo disse...

On:

Conversão religiosa sem ( alguma forma de ) inteligência emocional deve ser difícil ...

Mas a inteligência emocional vai muito além disso ...

Dou-te um exemplo muito simples que me aconteceu na 2ª fª passada.

Estava na piscina municipal de Cuba quando uma ranchada de putos da primária ( que a usam para aulas de natação ) a invadiu com uma algazarra que a encheu como um ovo. Senti uma emoção dificil de descrever, analisar, explicar. Mas essa emoção tem um significado quanto ao que penso sobre o homem, o futuro dele, as esperanças que tenho sobre ele, o papel dos homens que hão-de vir na materialização dessas esperanças ... e por aí fora.

Admitir que essa emoção tem um significado a esse nível ( habitualmente reservado à racionalidade ), aceitá-la como tal, não pretender menorizá-la, relegá-la ao nível de funções inferiores da mente - tudo isso é uma manifestação de inteligência emocional.

Repito o que disse acima: está ao alcance de qualquer um; o primeiro passo é não "termos vergonha" dessa parte de nós.

Beijinhos,
ZR.

Orlando disse...

Zé Ribeiro,
não gosto do termo Inteligencia Emocional. Mas isso não quer dizer que não reconheça importância do que está por trás do termo. Acho porém que quando estamos a fazer um post sobre IA devemos usar a outra inteligencia para organizar as ideias. Em partucular demarcá-las umas das outras. O /me desta vez não se deu muito a esse trabalho. É só isso.

Quando se está a fazer investigação em matemática, teoricamente a mais racional das actividades, temos de fazer escolhas. Essas escolhas são ditadas por emoções profundas dentro de nós. Até costume alertar para a importancia de um investigador cultvar as virtudes teologais. Uma vez fiz um post e um conto sobre o o assunto.

Onteontem estva a fazer yoga e tinhamos de ficar dez minutos numa posição de relaxamento. Estavamos deitados de barriga para baixo, com os calcanhares junto ao rabo, os joelhos afastados e os braços estendidos para a frente. Uma colega minha com muita flexibilidade nao nivel das ancas estva apesar disso com muita dificuldade em fazer o exercício. A razão: tinha muita dificuldade em abrir o peito e deitar cá para fora as emoções. Aquela postura "abria" as emoções e ela não sesentia confortável a fazê-lo.
Sempre que elimino alguma tensão a nível corporal ou volto a ganhar o controlo de alguma zona do corpo que estava "esquecida" vem-me à ideia algum episódio antigo que contribuiu para o congelamento dessa area. As emoções são demasiado importantes para que as possamos ignorar.

Orlando disse...

... Estar amuado sem saber porquê significa que não estás a cultivar o suficiente a tua IE:)

PS: NO post anterior escrevi IA em vez de IE. Confundi artificial e emocional. É grave, não é?