28.3.07

Centro do mundo

Lisboa é o centro do mundo, pelo menos do mundo que lembra aos que nela vivem. A luminosa Avenida da Liberdade, o decadente Bairro Alto dos grafitos e das pessoas ensardinhadas que se observam de copo na mão. O mau humor do metro e da segunda circular, os transportes públicos, Sintra e Cascais, as suas linhas. Os cacilheiros e o lado de lá, de Almada a Alcochete. Betos insonsos e rapazes da margem sul que passeiam as suas roupas de marca ligeiramente efeminadas. Uma mol de gente arrancada da cama às 6 da manhã, torradas do Sol mas fechadas durante a semana a fazer ricos aos outros. Os cabelos arranjados das senhoras de vidas vazias e entendiantes, os carros mal comprados dos novos ricos que nunca se perguntaram o que fazem aqui. Almas desencontradas que buscam consolos. Filhos mal amados de pais demasiado ocupados ou emocionalmente inaptos. Os mendigos, tantos mendigos, os filhos desocupados dos outros. Os loucos de Lisboa e uma condição comum que todos tentam negar. O centro egocêntrico de um império que há muito deixou de existir.

Também o sorriso bondoso e gratuito quando menos se espera e a alegria espontânea de quem se esquece que os outros observam. O Sol generoso, a beleza decaída das casas podres e dos palacetes renovados. Os locais mágicos para namorar. A humanidade por detrás das máscaras, do cansaço e do descontentamento. O Sol. O rio.

6 comentários:

Aequillibrium disse...

eu aprendi a gostar de lisboa. e tu?

/me disse...

Também gosto! Embora ainda haja vestígios de uma relação de amor-ódio, e haja muita coisa que me choque. Há toda uma lógica diferente nesta cidade. Mas eu também sou um esquisito! :D

Anónimo disse...

Nota 1 - Nascido em Lisboa, estão-me no sangue estes becos, ruas, avenidas e praças onde tenho crescido. Um percurso onde não faltam as aventuras próprias de quem ainda não ajuntou juízo suficiente para ser um adulto com pantufas no sofá diante do televisor.
É a minha cidade... e o rio!

Nota 2 - O teu retrato de Lisboa é tão verdadeiro quanto a verdade sobre Lisboa jamais se esgota no teu retrato. Gostei que não tivesses esquecido o Sol e o Tejo.

Mr Fights disse...

"Betos insonsos e rapazes da margem sul que passeiam as suas roupas de marca ligeiramente efeminadas." LOL!

Infelizmente acho que não são só da margem sul...

Carina disse...

Oh...

Anónimo disse...

Uma mol?
1,023x10exp24 de lisboetas?
'Braço desde os antípodas,
ZR.