16.6.06

Vídeos

Não sou só eu que ando com a mania dos vídeos. Eis Caetano Veloso, ao "vivo" e a cores (pixeladas) no Cão com pulgas.

E para todos os que têm saudades do mundo pré-SIDA*, vão ao Num pequeno reflexo da Lua. Tem uma música potente.

* Eu explico: li recentemente que a SIDA foi a melhor coisa que aconteceu à direita política nas últimas décadas. Não sei se será verdade, mas pergunto-me qual o impacto real que esta doença teve nas mentalidades das pessoas. A SIDA foi o fim da inocência dos anos 60? Será uma das culpadas do cepticismo actual? Tenho saudades dos tempos em que ainda se assumia que todas as pessoas são de confiança. Estou a misturar imensas coisas num post só, mas pronto, hoje acordei com um buraco no lugar do coração.

Odeio cepticismo. Ainda acredito que todas as pessoas no fundo são boas. E se não são, raios..., é porque nunca ninguém os ensinou a ser. De qualquer modo, prefiro confiar e enganar-me, a desconfiar e ser injusto. Mas se isto funciona bem na maioria das relações de amizade, já nas que envolvem dinheiro cautelas e caldos de galinha...

Pronto, acordei com saudades de um mundo em que todos são boas pessoas, e todos sorriem. Saudades da infância? Nem sei.

Irra, que saíram-me as ideias tão difusas quanto o que sinto.

12 comentários:

Anónimo disse...

Essa reflexão sobre o efeito da SIDA na direita política faz todo o sentido, realmente. Na mesma lógica em que o 11 de Setembro salvou o mandato do anormal: não há nada como uma grande desgraça para os 2 neurónios da maior parte das pessoas deixarem de comunicar um com o outro e elas começarem a questionar as coisas erradas. Ora sem comunicação entre os dois pobres neurónios, a conclusão não pode ser muito brilhante.... Assim se conclui que a SIDA é um castigo de algo ou alguém ao desprezo pela moral e bons costumes que se estava a verificar e sei lá que outras barbaridades....Eu vou confiando sempre, e sorrindo e achando que são todos boas pessoas, mas claro que a protecção sorri também ;)

Anónimo disse...

Em matéria de DSTs, confiar pode ser um comportamento quase criminoso. Só quando se conhece o parceiro mesmo muito bem e se tem a certeza do seu bom carácter ( se der uma voltinha por fora, avisará ).

Em matéria de dinheiro, o erro tem consequências menos graves: uns dinheiritos a menos ... e passa.

Também prefiro confiar e ser enganado a desconfiar - excepto em DSTs. Mas, mesmo aqui, a confiança depositada numa pessoa revelou-se injustificada - felizmente, sem consequências.

É um dos traços culturais que separam americanos de europeus: eles tendem a confiar a priori, os europeus a desconfiar. Em contrapartida, os americanos tendem a ser implacáveis quando a confiança é traída, os europeus mais "paninhos quentes".

Nisto, sou como do outro lado do Atlântico.

Bom fds,
ZR.

/me disse...

Acho que era tudo isso junto, isolamentos. :) Mas acima de tudo, não me parecia que houvesse o alarmismo e o cepticismo que há agora. Se calhar, porque não havia tanto dinheiro, nem tantos canais de televisão...

Quanto a pessoas, continuo a não acreditar em pessoas más. :)

paulo,sj disse...

Obrigado pelo teu post! As pessoas precisam de abanões para crescer. Às vezes na minha santa ingenuidade, vou na rua a imaginar o melhor de cada pessoa. Páro e penso nos milhares de milhões de seres humanos que habitam connosco este pedaço de terra no universo e sinto-me pequenino. Será que damos conta das ramificações de relações que existem à nossa volta?
Sabes /me, muitas vezes apetece-me voltar para a infância, não pelo aconchego, mas pelo olhar simples diante da vida... Às vezes penso que se somos crianças, depois adolescentes, e a seguir adultos é mesmo para guardar o melhor dessas fases... Alimenta-me a esperança de acreditar num mundo melhor. Mesmo que possa ter um lado utópico, acredito que somos capazes de o fazer... Tenho bastantes exemplos em como um sorriso a um desconhecido, que não o espera, pode mudar muita coisa.

Se cada um de nós é um mundo (história, vida, sentimentos, relações, etc. etc.) imaginem todos nós juntos?

Experimentem um dia ir a um lar de idosos, a um centro de deficientes, a uma visita de sem-abrigos, sem medos nem preconceitos... Ou então olhar para as mesmas pessoas de todos os dias de forma especial... Muita coisa muda!!

Um Abraço a todos, sempre com a minha oração! :)

Anónimo disse...

Tens razão, Paulo, por estranho que possa parecer:

Em certo período da mlnha vida, dei-me muito com deficientes, quase todos mongolóides, e guardo a recordação de momentos de grande felicidade.

E, hoje, apoio prostitu@s e venho desses encontros com a mesma sensação.

Já me disseram que se trata de um egoísmo que radica no consolo de encontrar alguém com menos sorte na vida que eu ... Gente tonta ...

Um abraço,
ZR.

/me disse...

Vês, ZR???
É o tal cepticismo... :(

paulo,sj disse...

ZR essa é a desculpa mais fácil para quem não quer enfrentar algumas realidades. Eu não vou buscar consolação ao lar de idosos onde faço apostolado, ou quando vou conversar com um sem-abrigo, ou, sei lá, tantos exemplos... Aliás, não vou buscar nada... Tento dar o que posso! Mas é verdade, curiosamente muita coisa muda... Quando estive a trabalhar num centro de deficientes profundos,onde à partida não damos nada, simplesmente ajudámos nas tarefas domésticas, muito mudou em mim... Ainda lá deve estar um rapariga que teve um acidente de viação e ficou em coma vegil. Não comunicava quase nada (fazia um subtil esgar com a garganta para sim, ou dois para o não) estava inerte em cima de uma cama... Mas percebia-se pelo olhar que havia interioridade. Dei-lhe de comer bastantes vezes, e, noutras tantas, estive simplesmente ao lado dela. Houve um dia que perguntei-lhe se queria ir à missa, e ela "disse-me" que sim. Lá, fiz com a minha mão o sinal da cruz defronte dela. Ela chorou... Eu também!
Desculpem, mas é dificil pôr por palavras as "conversas" que acabámos por ter... Tenho muitos mais exemplos de outras realidades. Para mim o mundo mudou muito no espaço de dois anos e meio. Precisamente porque comecei a olhar a pessoa humana na totalidade do seu Valor. Às vezes penso, e se fosse eu ali a estar? A resposta ajuda a mudar a perspectiva do olhar. (Bolas, estou-me a emocionar com este comentário... :) Estão-me a vir à memória muitas situações vividas...)

Acho que vale a pena acreditar nas pessoas, mesmo aquelas que mais nos irritam... Se percebermos que cada um de nós tem a sua deficiência, o seu limite, podemos perceber que aí pode estar toda a sua força. O gesto de compreensão pela falta do outro aumenta cada vez mais...

A experiência do dar só pode ser percebida quando é posta em prática.

Zé Ribeiro obrigado pelo teu trabalho!

Um Abraço!!

/me disse...

Estou a adorar o diálogo. :)

Mr Fights disse...

Hey e comentários fixes ao meu blog não há?

Sniff...
Buuuuááááááááááááááááááá´


:P

/me disse...

Eu comentei e linkei. :P

Mr Fights disse...

Não tava a falar dos teus obviamente ;)

/me disse...

Já tinha saudades da tia. :p

E fizeste muito bem em protestar. :)

Pessoas com HIV/SIDA, em princípio, são de tanta ou tão pouca confiança como qualquer um.

O que li defendia que a SIDA foi o fim da inocência, que mostrou que há ou pode haver consequências para determinados tipos de comportamentos (isto não é um julgamento moral).

Foi de certa forma o fim da revolução sexual dos anos 60, e o surgimento de um cepticismo, a vários níveis. O fim de certa inocência.

Eu não estava cá para ver, e posso nem estar a transmitir bem a ideia, mas era mais ou menos esta.

E fizeste muito bem em protestar! Se estivesse a dizer o que pensaste, seria muito mau!

Um beijo para a tia. :P